O caso Dudjom Rinpoche

Dudjom Rinpoche foi um dos mais importantes mestres contemporâneos da Tradição Nyingma e um grande guia espiritual. Logo após sua chegada do Tibete, no começo dos anos 1960, ele deu extensos ensinamentos em Kalimpong e Darjeeling. Tais ensinamentos tornaram-se muito populares e ele ficou muito famoso em toda a comunidade tibetana. Porém, subitamente Dudjom Rinpoche foi detido e encarcerado em Siliguri, falsamente acusado pelo governo tibetano no exílio de ser um espião chinês. Como Kundeling Rinpoche observa:

Essa é a acusação predileta do governo tibetano no exílio, feita contra qualquer um que represente uma ameaça contra a autoridade absoluta do Dalai Lama.

Dudjom Rinpoche tornou-se muito popular, ele se tornou muito famoso e isso representava um risco ao poder estabelecido. É isso que precisamente constitui um sistema autocrático. Não é permitido a ninguém ser mais inteligente, famoso e bem-apessoado ou mais próspero que o líder. Você não pode eclipsar o líder. Se você o fizer, vão colocá-lo em seu lugar.

Trata-se também de considerar que Dudjom Rinpoche não estava nem um pouco interessado no desejo de união de todas as tradições tibetanas do Dalai Lama. Ao responder à pergunta “Caso alguém esteja praticando de acordo com uma linhagem, é necessário que essa pessoa mude de linhagens para poder criar unidade na comunidade?”, Dudjom Rinpoche respondeu:

“Seguramente não. Qualquer prática na qual a pessoa tenha se firmado é a prática que ela deve continuar a fazer. Parte do nosso propósito é preservar todas as linhagens como métodos para se alcançar a iluminação. (…) Como praticantes, devemos manter nossa própria tradição enquanto respeitamos e nos regozijamos na virtude das outras tradições”.281