O pronunciamento de oráculos em transe desempenhou um papel crucial na política tibetana e continua a fazê-lo nos dias de hoje em Dharamsala. De fato, esses oráculos são tão reverenciados que o Oráculo do Estado, Nechung, tem o cargo de ministro de estado no atual governo de exílio do Tibete. Em um extrato da página da oficial da internet do governo tibetano lê-se:
Na tradição tibetana, a palavra oráculo é empregada para designar um espírito que entra naqueles homens e mulheres que servem de médiuns entre o reino natural e espiritual. Os médiuns são, portanto, conhecidos como “kuten”, que significa, literalmente, “a base física”.
Em tempos passados, acreditava-se que havia centenas de oráculos por todo o Tibete. Hoje, somente alguns poucos sobrevivem, incluindo aquele consultado pelo governo tibetano. (…) O kuten Nechung possui a autoridade de um segundo Primeiro Ministro na hierarquia do Governo tibetano no exílio.13
Para compreender o funcionamento do governo tibetano, é necessário entender a profunda influência que oráculos em geral, e que o oráculo Nechung em particular, exercem nas tomadas de decisão. Geralmente, um oráculo ou médium de um espírito é uma pessoa que acredita que seu corpo possa ser usado por um espírito, mas a maioria das pessoas que afirmam ser oráculos na verdade só estão fingindo. Elas afirmam que o espírito faz sua mente humana ficar num estado inconsciente e depois usa seu corpo para falar diretamente com os humanos. Nechung é um espírito bön (a religião pré-budista do Tibete) que foi nomeado protetor pessoal dos dalai lamas pelo Quinto Dalai Lama. Em Liberdade no Exílio, o atual Dalai Lama exalta as virtudes do seu relacionamento com o espírito Nechung:
Busco sua opinião da mesma forma que busco a opinião do meu conselho de ministros e de minha própria consciência. Considero os deuses como minha “câmara superior”. O Kashag representa minha câmara inferior. Como todo líder, eu consulto ambos antes de tomar qualquer decisão relativa a assuntos de estado.14
O Dalai Lama explica como ele é muito próximo do espírito Nechung, “quase amigos”, mas que é ele quem principalmente está no comando. “Meu relacionamento com Nechung é aquele de um comandante com seu tenente”. Como ele diz, apesar de objeções de tibetanos mais progressistas, ele ainda continua a confiar em “métodos antigos de obtenção de informações ocultas” porque, segundo ele, as respostas que obteve do médium do espírito têm se mostrado corretas ao longo do tempo.
O Dalai Lama descreve esquematicamente como o oráculo entra em transe:
Agora a face do Kuten [médium do espírito] se transforma, tornando-se completamente selvagem antes de inchar e assumir uma aparência completamente estranha, com olhos arregalados e bochechas inchadas. Sua respiração começa a ficar mais curta e ele começa a sibilar violentamente. Depois de um tempo sua respiração para momentaneamente. Neste ponto o elmo é amarrado com tanta força que seguramente estrangularia o kuten, se algo muito real não estivesse acontecendo. A possessão agora foi completada e o marco mortal do médium se expande visivelmente.16
Equanto estiver sob possessão, perguntas são feitas ao oráculo, primeiro pelo Dalai Lama e depois pelos membros de seu governo. Dessa forma, como “qualquer outro líder”, o Dalai Lama consulta sua câmara superior – um espírito – antes de tomar suas decisões de estado. O Dalai Lama diz que as respostas de Nechung “raramente são vagas… Mas suponho que seria muito difícil para qualquer investigação científica provar ou desmentir conclusivamente a validade de seus pronunciamentos”.17
Caso qualquer outro político do mundo consultasse um médium de um espírito sobre questões de estado, ele ou ela seria unanimamente ridicularizado e retirado de seu cargo. Em fases críticas da história tibetana, a experiência mostrou que o conselho do médium do espírito, além de errado, foi prejudicial. Por exemplo, em 1904 os britânicos invadiram o Tibete sob o comando do Coronel Younghusband, mas eles não tinham a intenção de atacar abertamente os tibetanos, cujo equipamento militar era muito pobre. Enquanto marchavam em direção a Lhasa, o oráculo Nechung foi consultado sob a melhor forma de agir. Como escreveu Jamyang Norbu:
O oráculo declarou que os “inimigos do Dharma” seriam sumariamente derrotados por um exécito celestial que ele pessoalmente iria comandar. Os tibetanos foram, claro, avassaladoramente derrotados, sendo que setecentos camponeses recrutados foram massacrados nas termas próximas a Guru.
(…) No ano seguinte, durante as festas de ano-novo em Lhasa, quando o oráculo de estado saiu em pleno transe do Templo Jokhang, como era o costume anual, os cidadãos exasperados de Lhasa vaiaram o deus – as mulheres sacudiam suas saias e os homens gritavam “Hey-le! Hey-le!” ou “Que vergonha!”18
O Décimo Terceiro Dalai Lama ficou tão desgostoso com Nechung naquela época que ele proibiu mais consultas durante alguns anos.
É amplamente sabido que o oráculo Nechung cometeu um erro fatal quando prescreveu remédios errados para o Décimo Terceiro Dalai Lama, o que resultou em sua morte prematura. É amplamente sabido que foi por causa desse remédio que a condição do Dalai Lama piorou, o que levou à sua morte.19 O historiador tibetano K. Dhondrup, citando o testemunho do médico presente no diagnóstico crucial, nos conta que, devido à febre, a situação do Dalai Lama se tornara extremamente delicada:
Naquele momento, eu, Kuchar Kunphela, o médium do Oráculo Nechung e o Dalai Lama éramos as únicas pessoas presentes. O oráculo de Nechung me perguntou se eu tinha Chamjon Pawo 14, um remédio para a gripe. Esse remédio era muito forte e não podia arriscar a administrá-lo ao Dalai Lama. Portanto, disse ao oráculo de Nechung que não tinha nem um pouco desse remédio. Depois o oráculo de Nechung nos disse para pedir para seu próprio assistente. Kuchar Kunphela rápidamente saiu e, provavelmente tendo encontrado o assistente, obteve o remédio já que ele retornou com uma bolsa de remédios e colher que ofereceu ao oráculo de Nechung. O oráculo então encheu uma colher com o remédio e a ofereceu ao Dalai Lama. Eu não cheguei a saber se aquele remédio da sacola era Chamjom Pawo 14 de fato.
Então, o oráculo perdeu seu transe. Desse momento em diante, a febre aumentou mais ainda e o Dalai Lama começou a delirar. A doença piorou cada vez mais e, no trigésimo dia do décimo mês [o dia seguinte], o Dalai Lama faleceu.20
A versão de que esse erro fatal foi cometido pelo médium do espírito – o oráculo Nechung – também foi corroborada pelo testemunho de um escrivão que trabalhava para o Dalai Lama, como citou Bell:
Naquela mesma noite entre uma e duas da madrugada, o médium deu um pouco de remédio para o Precioso Protetor sob a forma de um pó. Quando o médium saiu, Champa La, seu médico particular, disse ao médium: “Você deu o remédio errado” (Men di norra nangzha).21
Também há um relato no livro de Bell de que esse erro foi o resultado do oráculo de Nechung ter sido possuído por um espírito maligno. O espírito era a reencarnação de um tulku (lama encarnado) que alguns anos antes foi açoitado inúmeras vezes graças ao suposto envolvimento em um plano para matar o Décimo Terceiro Dalai Lama e que, em decorrência disso, tirou sua própria vida:
No final de ferereiro de 1934, Palhese [grande amigo e informante de Bell], vindo de palestra diária, perguntou-me, com ânsia reprimida: “Acaso Rai Bahadur Norbhu lhe contou sobre os acontecimentos recentes ocorridos em Lhasa, relacionados à morte do Precisoso Protetor?”
[Bell responde] “Ele me disse que o médium do Oráculo de Nechung deu ao Precioso Protetor um remédio que lhe fez mal.” Palhese diz: “É sobre o remédio que desejo falar. Foi dado com orientação de um tulku de Nyarong (uma província no leste do Tibete) que renasceu como um demônio. Ele realmente o prejudicou e, de fato, transformou o Precioso Protetor [o DécimoTerceiro Dalai Lama] num ‘ausente’ [isto é, um difunto].”
Palhese forneceu mais detalhes sobre esse tulku e sobre sua morte violenta, seu renascimento como um demônio, sobre as fracassadas tentativas de subjulgá-lo e concluiu: “mais tarde, notou-se que as profecias feitas pelo profeta do oráculo de Nechung estavam erradas e eram prejudiciais”.23
Goldstein acusa de forma ainda mais contundente o oráculo de Nechung da morte do Décimo Terceiro Dalai Lama:
Nessa ocasião, o oráculo de Nechung disse que o Dalai Lama devia tomar o remédio conhecido como “os dezesete heróis para subjulgar gripes” (chamjom pawo chupdün) e depois ele mesmo preparou o remédio num copo com água. A maioria dos consultados relata que o Dalai Lama recusou a dose e que então o oráculo do Estado teve que literalmente despejar o remédio dentro de sua boca. A doença do Dalai Lama ficou imeditamente pior e por volta do meio-dia ele perdeu a consciência. Ele nunca mais voltou a proferir sequer uma única palavra.24
O oráculo de Nechung também desempenhou um papel negativo durante a invasão chinesa de 1950:
Durante a fuga do Dalai Lama à Dromo (Yadong) no vale de Chumbi na época da invasão chinesa em 1950, o oráculo Nechung foi consultado repetidas vezes com relação ao tipo de ação que o líder tibetando deveria tomar.
Ele devia se refugiar na Índia ou devia permanecer no Tibete. O oráculo disse duas vezes que ele deveria ficar no Tibete mesmo depois das tentativas do governo de fazer com que ele dissesse o contrário. Diz-se que ele foi subornado pelos monges pró-China de Sera (…).
Mais recentemente o oráculo de Nechung fez repetidas profecias de que o Tibete recobraria a independência em poucos anos. Ele também disse em algumas ocasiões que mandaria um “exército celestial” para expulsar os chineses.26 É claro que esses soldados- deuses não conseguiram se materializar e o Tibete continua tão firme como nunca sob o controle chinês. Também é comumente sabido que as revoltas tibetanas em Lhasa em 1980 aconteceram devido ao conselho de Nechung. O resultado foi devastador, muitos tibetanos perderam suas vidas e os chineses os reprimiram com mais fi meza ainda.27 O fracasso político que permeou a escolha da reencarnação do Panchen Lama também foi atribuído a Nechung. Ele aconselhou que a identidade da criança escolhida pelos tibetanos fosse anunciada antes de ter sido oficialmente aceita pelos chineses. Essa decisão deixou os chineses furiosos e o pequeno Panchen Lama tem estado em prisão domiciliar desde então, com muito poucas chances de deixar o Tibete.
Conforme Jamyang Norbu comenta:
O que é incompreensível é que as pessoas e até mesmo o Dalai Lama depositem uma fé absoluta nessas predições, mesmo que elas não tenham sido cumpridas nem sequer remotamente.
Foi primariamente graças ao conselho do oráculo de Nechung que o atual Dalai Lama baniu a prática de Dorje Shugden. É amplamente sabido que o médium do espírito ficou cada vez mais enciumado com a confiança do Dalai Lama em Dorje Shugden.31 Trijang Rinpoche, o guia espiritual do próprio Dalai Lama e seu principal conselheiro durante muitos anos, confiava em Dorje Shugden e incentivava seus alunos a fazerem o mesmo.
Entretanto, recentemente certo número de diferentes oráculos surgiu em Dharamsala cuja autoridade é ainda mais questionável do que aquela de Nechung, mas em quem o Dalai Lama confia para tomar decisões religiosas e políticas cruciais:
Neste exato momento, há demasiados oráculos em Dharamsala. Além dos dois oráculos do governo, há a deidade Dorjee Yudonma, uma das doze deusas Tenma, cujo médium é uma velha amala (anciã) de doce aparência. Também há o oráculo de Lamo Tsangba, uma deidade local protetora de Lhasa. Seu médium é um senhor corpulento que tocava o trombone na banda militar chinesa em Lhasa.
Um evento ocorrido em novembro de 1996 ilustra a confusão trazida por esses oráculos à sociedade tibetana. No templo principal de Dharamsala, o Dalai Lama estava participando da última das seis semanas de práticas em conexão com a invocação da deidade conhecida como Tamdrin Yangsang, dia este em que se realizaria o ritual de levar as tormas para o lado de fora. Entre os presentes, encontravam-se 75 monges do monastério de Sera, monges do Monastério Nechung e também seis ou sete oráculos de espíritos escolhidos pelo Dalai Lama. Esses oráculos começaram a entrar em transe e um oráculo feminino da protetora de longa vida Tsering Chenma, que antes havia feito afirmações virulentas contra a prática de Dorje Shugden, começou a atacar essa deidade, dizendo que “mesmo dentro daquela congregação havia aqueles que ainda praticavam Dorje Shugden”. Logo, então:
Outro oráculo feminino, Yudonma, apontou então para Jangmar Rinpoche do Monastério Drepung Loseling, um lama que tinha por volta de 60 anos que era originário de Gyalthang na província oriental do Tibete, e começou a gritar, “Esse lama é mau, ele está seguindo Dorje Shugden, tirem-no daqui, tirem-no daqui!” Ela, então, começa a tirar suas vestes e agarrar sua cabeça. O lama se levanta e dá bofetadas nela. Houve um tumulto no templo: tudo acontecendo na presença do Dalai Lama. Jangmar Rinpoche foi empurrado para fora do Templo e a confusão continuou do lado de fora, onde se ouviu Jangmar Rinpoche dizer: “São vocês, espíritos, que estão causando toda essa confusão. São vocês que estão causando desarmonia. Vocês, espíritos, não são confiáveis”. Depois, ele ameaçou levar a médium ao tribunal, mas foi persuadido a não fazê-lo pelo Dalai Lama. Quando ele relatou esse incidente pessoalmente ao Dalai Lama no dia seguinte este disse “Você não fez nada errado, sei muito bem que você não é praticante de Dorje Shugden. Algumas vezes esses oráculos passam dos limites. Foi bom você tê-la bofeteado”.33
Portanto, até o próprio Dalai Lama, que confia no médium espírito Nechung como seu “ministro” de governo, reconhece que oráculos não são fontes confiáveis de informação qualificada. O oráculo da deidade Tsering Chenma é tido em tão alta conta pelo Dalai Lama que lhe foi permitido viver dentro de seu palácio em Dharamsala.
Quando ela chegou primeiro ao Tibete, era uma mulher nova e atraente e o Dalai Lama ouvia suas declarações com cuidado.34 Infelizmente, ela é tão pouco confiável quanto qualquer outro suposto médium de espíritos.
Em julho de 1996, durante as preparações para a Iniciação de Kalachakra que ia ser concedida pelo Dalai Lama em Lahul Spiti, esse mesmo oráculo, Tsering Chenma, alegou que trinta membros da Sociedade Dorje Shugden de Déli iriam atacar o Dalai Lama durante a cerimônia. Foram tomadas medidas de segurança elaboradas, mas nenhuma arma foi encontrada, nem nenhuma trama foi desvendada, além disso, foi descoberto que ninguém da Sociedade Dorje Shugden estava presente!35
Durante muito tempo os oráculos desempenharam um importante papel na sociedade tibetana. Sua influência, no entanto, nunca foi tão dominante em Dharamsala como é atualmente. Muitos tibetanos comuns e distintos lamas estão preocupados com essa crescente influência. Gonsar Rinpoche foi citado pela televisão alemã como tendo dito:
Hoje em dia o oráculo do governo e outros – existem cerca de outros quatro oráculos na Índia – desempenham um papel importante em muitas diferentes tomadas de decisão do governo no exílio. Muitos de nós acreditam que isso é arriscado.36
A pergunta naturalmente surge: se o Dalai Lama é um ser iluminado – como alguns acreditam que ele seja – por que ele precisa confi r no conselho de espíritos contactados através de oráculos em transe? Um ser iluminado seria capaz de tomar suas próprias decisões baseado em sua própria sabedoria onisciente e não precisaria de se valer de métodos tão questionáveis. Se outros políticos no mundo confiassem em oráculos em transe, eles seriam ridicularizados e expulsos de seus cargos. Como Lukhangwa, um antigo primeiro ministro, disse ao Dalai Lama em 1956: “Quando os homens ficam desesperados, consultam os deuses. E quando os deuses ficam desesperados, eles contam mentiras”.
Esses, no entanto, não são os únicos métodos dúbios dos quais o Dalai Lama se vale para tomar suas decisões. Ele admite abertamente que utiliza as bolas de massa de farina, dados e sonhos para ajudá-lo na tomada de importantes decisões38, por exemplo, ele foi citado como tendo dito:
Eu conduzi um exame usando bolas de massa de farinha e adivinhação através de dados que foram tão convincentes que desde 1975 eu parei completamente com essa prática [de Dorje Shugden]. Eu não tive sequer um sonho inauspicioso que me faça pensar que a deidade esteja constrangida.
Considerando que suas atividades políticas estão baseadas nesses métodos de julgamento, não devemos ficar surpresos com o fato de que, durante todos esses anos, ele não tenha conseguido realizar nada substancial para o povo tibetano.
Numa entrevista concedida à revista espanhola Más Allá, perguntaram a Geshe Kelsang Gyatso, o fundador e diretor espiritual da Nova Tradição Kadampa – União Budista Kadampa Internacional:
É dito que o Dalai Lama possui mais oráculos (médiuns) do que ministros, que ele é rodeado de oráculos e que ele não dá sequer um passo sem consultá-los. O que você pensa sobre esse tipo de dependência? Você acredita que haja um poder oculto no palácio de Dharamsala?
Geshe Kelsang Gyatso respondeu:
Essa confiança é inapropriada. Esses métodos de adivinhação comumente são fonte de muitos problemas, conflitos e brigas e dão origem à superstições. As pessoas que desenvolvem o hábito de depender desses métodos terminam por perder sua autoconfiança e chegam a um ponto em que se tornam incapazes de tomar sequer uma única decisão por si próprios, baseando-se em raciocínios lógicos e utilizando-se de sua própria sabedoria, ou confiando na sabedoria de outros especialistas que poderiam aconselhá-los. Buda não ensinou esse tipo de método, eles não são práticas budistas.40
É interessante notar como o Décimo Quarto Dalai Lama em pessoa disse diante do microfone que oráculos não “têm nada a ver com o budismo… eles devem ser vistos como uma manifestação da superstição popular”41, mas paradoxalmente ele ainda confia sinceramente neles para decidir sobre importantes questões políticas e religiosas que afetam a vida de milhões de pessoas. Para ele, os médiuns de espíritos são mais importantes que seu próprio Guia Espiritual-raiz e que Buda Shakyamuni, o fundador do budismo. Em 1971, o Dalai Lama foi citado como tendo dito o seguinte sobre oráculos:
Isso não tem nada a ver com o budismo. Oráculos são completamente sem importância. Eles são apenas pequenos seres que vivem nas árvores. Eles não pertencem aos três tesouros do budismo. Relações com eles não serão de nenhuma ajuda para nossa próxima reencarnação. Eles devem ser vistos como manifestações da superstição popular que são deletérias para a saúde de seres humanos.42
Esse é somente um dos muitos exemplos do Dalai Lama se contradizendo – dizendo uma coisa e fazendo outra. O que fica evidente é que, ao confiar no oráculo Nechung, o Décimo Quarto Dalai Lama está seguindo um espírito com um histórico de falsas profecias. O Dalai Lama é livre para ouvir um oráculo de um espírito quando for tomar decisões de questões pessoais, mas é evidentemente inapropriado, se não ultrajante, que o destino dos tibetanos e de milhões de praticantes budistas deva ser decidido dessa forma.