O AssAssinATO de gUngTAng TsULTrim
Gungtang Tsultrim era o líder de uma organização conhecida como os Treze Assentamentos ou os Treze Grupos de Tibetanos. Essa organização era formada por treze (posteriormente quatorze) grupos de tibetanos no exílio e assentamentos que desejavam se estabelecer sob a lei indiana, independentemente da jurisdição do governo tibetano no exílio. Embora essa organização tivesse origem em um movimento popular no Tibete, o principal impulso para sua formação ocorreu pouco depois da chegada do Dalai Lama a Dharamsala.
Logo que chegou a Dharamsala, o Dalai Lama organizou uma série de encontros com os outros principais líderes das outras tradições. O objetivo desses encontros era propiciar ao Dalai Lama a oportunidade de apresentar sua proposta de integração de todas as quatro escolas do budismo tibetano numa única. Nessa época os gelugpas não rejeitaram as ideias do Dalai Lama frontalmente por causa de seu relacionamento direto com a instituição do Dalai Lama; eles permaneceram neutros. Já as outras escolas, Sakya, Nyingma e Kagyu, rejeitaram a proposta. Os praticantes dessas tradições estavam muito preocupados com essa proposta, temendo que suas tradições pudessem ser destruídas em pouco tempo. Como resposta à proposta, e contrariamente aos desejos do Dalai Lama, eles organizaram treze grupos que depois se associaram para formar os “Treze Assentamentos”.
Ao longo dos anos, muitos conflitos surgiram entre o Dalai Lama e esses treze assentamentos, até que em 1976 seu líder secular, Gungtang Tsultrim, foi assassinado. Sem a firme liderança de Gungtang Tsultrim e sem outro líder capacitado para substituí-lo, a coalizão desintegrou-se. Esse teria sido o motivo do assassinato.
Uma página da Web que trata principalmente de controvérsias relacionadas ao Karmapa acrescenta:
Em 1964, o governo do Dalai Lama no exílio desejava introduzir reformas sociais, econômicas e religiosas aos tibetanos recentemente exilados. Gyalo Thondrub, o irmão audacioso do Dalai Lama, decidiu que a melhor resposta à invasão de Mao e à destruição de seu país era adaptar o Tibete e a política tibetana no exílio à nova realidade comunista. Ele propôs energicamente abolir as antigas escolas budistas, eliminar as ostensivas cerimônias religiosas e, dessa forma, derrubar os elevados lamas. Havia rumores de que ele tivesse dito: “Acabaram-se os tronos, os rituais, ou os brocados de ouro”. As hierarquias espirituais dos nyingma, kagyu, sakya e o corolário das subordens sentiram-se vítimas de calúnia e reprovação. Suas palavras introduziram o medo dentro do coração dos lamas. À medida que novos detalhes do elaborado plano apareciam, tornou-se evidente que um golpe contra as três escolas estava sendo preparado. O novo corpo religioso destinado a substituir as linhagens tradicionais seria controlado pela hierarquia gelugpa. Os lamas, muito preocupados, pediram ajuda para o Karmapa.
Quando, em 1976, Gungthang Tsultrim, o chefe político da aliança, foi morto; o assassino confessou ter agido sob as ordens do gabinete tibetano. Contratado para o trabalho, ele recebeu trezentas mil rúpias do governo tibetano no exílio em Dharamsala. O governo tibetano no exílio também havia oferecido a ele mais dinheiro para eliminar o 16.º Karmapa, ele confessou.